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sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Médico Denunciado por ser Seropositivo

A notícia surgiu esta quinta-feira no jornal Público. Consta que um médico denunciou à administração do hospital público onde trabalha, denunciou um colega de trabalho de ser seropositivo.



Foram anunciados os resultados ao HIV, deste médico, pela Medicina do Trabalho à Direcção Clínica e ao Conselho de Administração do hospital. Os resultados revelam-se positivos, ficando provado que este médico, ainda jovem, é realmente portador do vírus da Sida. Isto significa que ele não sofre de Sida, nem dos seus sintomas, mas que transporta o vírus, podendo assim contagiar terceiros.



O colega que denunciou o médico em causa, por desconfiar deste facto, está agora sob iminente processo disciplinar instaurado pela Ordem dos Médicos. O bastonário da OM, Pedro Nunes, afirma que «o médico tinha a obrigação de não comunicar (a terceiros) o caso", e que a medicina de trabalho "não é um sistema de investigação policial das pessoas".



Está a ser avaliado o risco de contágio, e, para isso, foram pedidos pareceres aos colégios da especialidade de doenças infecciosas e cirurgia geral médico-doente.



A professora de Direito da Universidade Lusíada de Lisboa, Maria do Céu Rueff, afirma que "O risco médico de transmissão de HIV de um cirurgião a um doente por acidente percutâneo durante procedimento invasivo é de 2,4 a 24 por milhão". Se tal for verídico, afirma o bastonário da OM, "não obrigaremos o médico a fazer coisa nenhuma (nomeadamente mudar de especialidade)". "Apenas lhe diremos que tem a obrigação ética de tomar todas as precauções".


Pedro Nunes diz também que o clínico não pode perder os seus direitos de cidadania por estar infectado com HIV. E notou que ele é "obrigado a operar um doente, mesmo que este seja seropositivo".





Eu realmente concordo com o que foi dito pelo bastonário da OM: um médico é obrigado a operar um doente de HIV, correndo assim, ainda que reduzido, o risco de ser contagiado. No entanto entendo também ser muito perigoso, apesar de todas as precauções que se possam ter, um médico doente operar, sendo que um pequeno corte no dedo, em contacto com o interior do corpo do paciente, pode originar uma infecção, e mesmo que a probabilidade seja realmente de "2,4 a 24 por milhão", sao esses 2,4 a 24 que sofrem, ficando contagiados.



Ainda mais, discordo que seja instaurado um processo disciplinar ao médico que denunciou o colega, já que o problema em questão não é o rompimento do sigilo profissional, mas sim se um médico portador de um vírus, deve continuar ou não a exercer as suas funções.



Assim, penso que o médico portador não deveria perder o seu emprego, mas pelo menos, ser privado de operar, e gostaria de saber se o bastonário da Ordem dos Médicos se deixaria ser operado por um cirurgião seropositivo.









Sara Moniz

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