Blog sobre todos temas relacionados com Saúde dinamizado pelos alunos do Externato das Escravas do Sagrado Coração de Jesus do Porto.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O meu Mundo



Uma pequena grande viagem ao Mundo das crianças autistas

Estima-se que, em todo o Mundo, cerca de cinco em cada dez mil crianças sofre de autismo, que é uma alteração que afeta a capacidade de comunicação da pessoa, de socialização e de comportamentos. Esta desordem faz parte de um grupo de síndromes chamado transtorno global do desenvolvimento (TGD).
Especialistas afirmam que resulta de uma perturbação do desenvolvimento do sistema nervoso que afeta o funcionamento cerebral a vários níveis, e que ocorre ainda antes do nascimento. A sua origem é bastante complexa, e parte da responsabilidade recai sobre os genes. Completamente abandonada está a ideia de que o autismo resulta da falta de carinho materno. Apesar de afetar o comportamento, a sua origem não está nas emoções.

Quando o autismo é detetado

Na maioria das vezes é apenas por volta dos dois, três anos, que o autismo é detectado, pois envolve dificuldades de sociabilização e comunicação e, antes de ter sido atingido um ano de idade, esses aspectos ainda não estão suficientemente desenvolvidos. Em alguns casos mais raros, a criança pode evoluir normalmente nos primeiros anos, mas, por n
orma, este período de desenvolvimento não excede o terceiro ano de vida. Nos primeiros meses, as alterações podem ser muito subtis, como a falta de contato ocular com a mãe ao mamar, uma postura demasiado rígida ao colo ou pouca receptividade ao contacto físico. Numa fase posterior, destaca-se a expressão facial ou comportamento fora de contexto, e o pouco interesse por aquilo que a rodeia. Por exemplo, a criança não aponta, não olha para onde a mãe está a olhar, não chora ou não se defende quando lhe tiram um boneco da mão. Isolamento, dificuldade em interagir com as pessoas, interesses restritos e ações repetitivas são indícios que devem colocar os pais em estado de alerta.

Dicionário ilustrado

Um dos principais sinais de alarme surge com a aquisição da linguagem que, nestas crianças, pode ocorrer 11 meses mais tarde, sendo cerca de 9% nunca chega realmente a falar. Muitas vezes, a linguagem pode limitar-se à vocalização, ao uso repetitivo ou inadequado de expressões, vocabulário limitado e até à criação de um idioma próprio. A ausência de comporta
mentos de imitação ("peça-chave" no desenvolvimento infantil) torna a aprendizagem mais difícil. Ao ilustrar as palavras com imagens ou desenhos a criança obtém pistas visuais que a ajudam a concentrar-se e a reter a informação.



Como contribuir

Brincar ou fazer jogos típicos da infância não despertam interesse nestas crianças. Com uma
capacidade cognitiva, em regra, reduzida (calcula-se que em cerca de 75% das situações)
existem, no entanto, casos em que as crianças autistas têm aptidões fora do comum, como, por exemplo, uma memória acima do normal. O autismo caracteriza-se por comportamentos repetitivos, o que leva as crianças a sentirem-se perturbadas quando há alterações ao seu ambiente, como uma simples mudança de lugar à mesa. Organizar um horário em que a sequência de atividades diárias da criança (por exemplo, o ato de levantar-se, tomar banho e vestir-se) esteja representada através de figuras, ajuda a estruturar a sua rotina.


Como e quando atuar?

Uma intervenção precoce só é possível se houver um diagnóstico precoce. Fazer o acompanhamento médico da criança e alertar o pediatra caso exista uma perturbação de comportamento, comunicação ou sociabilidade, permitem identificar o problema e encaminhá-la para uma consulta especializada.


Educação especial
A especificidade de cada caso obriga a um plano de ação individual e, com as técnicas adequadas, é possível desenvolver capacidades, nomeadamente em termos de comportamento, linguagem e interação social. Embora se estime que apenas cerca de 1/3 dos casos de autismo atinja um certo grau de independência, verificam-se progressos na fase escolar, sobretudo no que se refere ao funcionamento social. Frequentar uma escola comum revela-se importante, pois permite o contacto com outras crianças. A par da ajuda especializada, os pais desempenham um papel determinante e importante, tanto pela forma como encaram a disfunção como pelas estratégias que usam para lidar com ela.


Técnicas que ajudam uma criança autista a aprender melhor

Existem vários comportamentos que podem auxiliar uma criança autista:


1. Atenção e concentração
- Utilizar estímulos visuais (objetos, fotos, desenhos);
- Minimizar as distrações;
- Selecionar os estímulos como a cor favorita;
- Na escola, é aconselhável que a criança se sente junto da educadora, para que haja menor dispersão.

2. Interacção social
- Motivar brincadeiras com crianças de idades similares (grupos de duas, três);
- Usar objecos de grande dimensão (ex: bolas) que incentivam o jogo social;
- Promover a interação adulto-criança, com alternância de papéis;
- Dar-lhe oportunidade e tempo para reagir ou responder;
- Seguir as pistas ou iniciativas da criança, sempre que apropriado.

3. Comunicação e linguagem
- Comunicar combinando fotos, objetos e palavras;
- Exagerar no tom de voz e expressões faciais;
- Ser persistente e sistemático;
- Usar frases curtas, simples e palavras conhecidas;
- Responder às intenções de comunicação mostradas pela criança;
- Colocar objetos à vista, mas fora de alcance, para que tenha de pedir;
- Apostar imitação de cantigas com gestos e lengalengas.


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